quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda minha vida. Mas absolutamente incrível. Só ele conheçeu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, todas a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguem nunca soube do meu medo de altura, de amar de mais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho em baixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro de Picasso.



(Tati Bernardi)

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