quinta-feira, 28 de julho de 2011

O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viajem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não nome. Quer rir sem saber do que, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de onibus, e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Quer a alegria besta de quem não tem juízo.
O que ela quer é tão simples.


(Cris Guerra)

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